Eu quis ligar pra alguém. Contar o que tinha acontecido, e que doía. Mas não havia ninguém ali. Ninguém com que eu pudesse contar. Ninguém disposto a abrir mão do sono para ouvir minhas queixas. Ninguém que se importasse. Então eu virei pro lado e a dor veio. Rápida. Forte. Devastadora. Senti minha alma se rasgando ao lembrar daquelas palavras. E dói. Ainda dói.
Muitas pessoas conhecem a historia do Mágico de Oz, mas de fato, não sabem do que se trata. Apenas dando uma rápida explicação, a historia começa com Dorothy indo por acidente pra terra de Oz, onde, para voltar para casa deve encontrar o Mágico de Oz na Cidade das Esmeraldas. Dorothy começa sua jornada e no caminho encontra alguns amigos, um espantalho, que deseja um cérebro, um homem de lata, que deseja um coração e um leão, que deseja coragem. Juntos, os quatro seguem em busca do Mágico, esperando que este realize seus desejos, sejam quais forem. Para chegar ao seu destino e realizar seus sonhos, eles devem seguir a Estrada dos Tijolos Amarelos.
Todo mundo tem sonhos, todo mundo almeja alguma coisa, tem esperança, tem um destino onde quer chegar, alguém que quer encontrar, um lugar para estar. Entretanto, essas coisas não acontecem de uma hora para outra, existe um caminho a se percorrer, existem coisas a se fazer, obstáculos e claro, pessoas que você encontra ao longo deste caminho. Algumas vezes o caminho é difícil, algumas vezes você deve ter cuidado para não cair dele. É desse caminho que estamos falando, essa é a verdadeira "Estrada dos Tijolos Amarelos". Cada um tem sua estrada, cada um sabe o caminho que deve seguir, cada um sabe para onde caminhar e mesmo que olhando para os próprios pés, continua caminhando. A única questão é saber o que tem no fim desse caminho, o que você vai encontrar lá, o que você realmente deseja, o que você quer que o Mágico de Oz te dê. Quem disse que o caminho é fácil? Ninguém e de fato não é, nenhum caminho é! Este muito menos. Mas eu, pelo menos, nunca desisti de seguir adiante, nunca caminhei olhando para os meus pés, nunca ignorei o que eu via, pelo contrário, admirava e ainda admiro cada paisagem, cada passo, cada momento em que caminho em direção ao que quero. Todos deveriam fazer isso, caminhar de olhos abertos e cabeça erguida, afinal, esse foi o caminho escolhido. Quanto a mim? Bom, eu tenho o meu próprio caminho, claro, como todos os demais, jamais deixei de prosseguir, esperando encontrar o Mágico e pedir a ele algo que eu nunca tive por completo. Enquanto caminhei, vi coisas maravilhosas, vi o passado, presente e futuro, vi dentro de mim mesma, vi dentro de outras pessoas, vi tudo aquilo que eu esperava ver e o que eu nunca queria ter visto, vi o céu e o inferno, o bem e o mal, a alegria e a tristeza. Mas nunca, NUNCA, deixei de seguir adiante. Coragem, orgulho, honra, alegria, vontade, desejo, amor, são inúmeros os sentimentos e sensações que jamais me deixaram desistir e não apenas isso, meus próprios amigos e mesmo pessoas que eu nem conheço não me deixaram desistir! Quando eu parecia perdida, alguém estava lá para me dar a mão e me lembrar do que eu havia esquecido, quem eu era, o que eu era, o que eu queria, por que eu queria, e, então, eu jamais desisti. Mas hoje, estou parado no meio do caminho. Não que eu esteja cansado, de saco cheio, ou sem esperança, isso jamais, como uma vez eu li, se me perguntarem, eu responderei "Não admito! Minha esperança é imortal!" e de fato é, mesmo quando eu pensei que já não tinha nada, lá estava, minha esperança, minha fé, meus sonhos e desejos. Entretanto, cada vez mais o caminho tem ficado complicado. Tijolo a tijolo o caminho tem se corroído aos meus pés, cada passo tornou-se um perigo pois nunca se sabe se cairei ou não, eu simplesmente não sei mais onde pisar e por onde seguir. Até então, eu venho me equilibrando no estreito caminho que existe, pois como eu disse, meu desejo não é de desistir, jamais e nem vou. Devido a isso, eu me encontro parada, simplesmente parada, olhando os poucos tijolos que sobraram, mas até onde minha vista enxerga, já não vejo mais nenhum caminho. Talvez exista, talvez não, mas eu jamais saberei, pois eu não desisti, simplesmente não há mais como seguir em frente. Ainda sim, se o caminho existir, talvez um dia eu possa voltar a ele e encontrar um meio de seguir adiante. Eu não sei, talvez alguém esteja destruindo meu caminho, ou não querem que eu siga em frente, ou não me deixem seguir, mas é isso, já não importa. A culpa não é minha, não é de ninguém, simplesmente é isso, e os tijolos continuam caindo e eu queria, sim, continuar este caminho, encontrar o Mágico e quem sabe, tudo ficaria bem um dia. Mas, não posso ficar parada, ou jamais chegarei a lugar algum. No fim, este não é um texto sobre desistência, mas sim, aceitação. Eu simplesmente aceito tudo que me acontece, assim como, aceitarei o que mais acontecer. Há melhor forma de respeitar alguém do que senão respeitando suas decisões, sentimentos e aceitando isso? Então, infelizmente, chegou a hora de me despedir desse caminho, mas não apenas disso. Chegou a hora de me despedir de meus sonhos. E como me disseram, é hora de seguir meu caminho, seja lá qual for! So, Goodbye, yellow brick road!
A sensação de estar tudo desabando. Em meio de segundos que você nunca imaginaria que poderia acontecer algo parecido. Algo te sufoca e sua garganta aparenta dar um nó por dentro, para segurar tudo aquilo que quase insistentemente quer sair de dentro de você e você nem sabe ao certo o que é exatamente aquilo. Lágrimas, talvez, mas não é exatamente só lagrimas são consequências, excesso de vezes que você teve que ser mais forte do que imaginou que poderia ser, coisas que te fizeram extremamente mal, mas você guardou pra si. E todas as vezes que você se sentiu sozinha, isolada e acabou criando um mundo só seu, onde você se auto manteve instavelmente até aquilo acabar, não se tornando mais confortável pro estado em que se encontrava e você mais uma vez buscando por algo que te confortasse e aquilo se tornando cada vez mais impossível. E o desanimo tomando conta de uma forma assustadora, de forma que levantar da cama ao acordar era horrivelmente ruim, por pensar que você teria que aguentar mais um dia ali, incerta de todas as coisas que poderiam acontecer naquele dia. E se talvez piorasse tudo aquilo, seria ainda capaz de aguentar? Mesmo sem saber o limite das minhas forças, aquilo parecia já ter chego nele. E começava a se sentir assim, do nada! Era assustador demais a forma como aquilo agia e queria te fazer vitima. Teve dias, que eu sentia como se desse meio passo para frente e em questão de minutos, desse logo três para trás. Era desesperador demais você vendo aquela nuvem te acobertando a cada instante mais e você sem saber o que realmente fazer para reverter aquilo. Vontades de chorar vinham decorrentes desde a hora que eu acordava, até a hora que eu ia dormir. A qualquer hora, em qualquer lugar, perto de quem fosse. E era desesperador a cada vez que isso acontecia, sentia-me como o fim estivesse ali ou daqui alguns segundos ou minutos que estivessem por vir.