ㅤㅤㅤㅤㅤ L o o s eㅤT h o u g h t s

Feliz pelas janelas que não falam. Se dissesse, não gênio, te contaria que eu sei sim, no fim das contas, fazer sorrir. Não falo de gritos, do que não conheço, coisas idênticas. Talvez todas as grandes vias sejam iguais, se você reparar bem nas luzes – não estou falando de estrelas – será que você repara? (...) Pela primeira vez, basta o silêncio.

Como você cresceu, como está alta. Ainda lembro de quando ouvia mamãe dizer que um dia chegaria aos céus. Olhando por outro ângulo, você ainda me parece pequena. As gordurinhas para fora da calça estão sumindo. O que anda fazendo? Parou de comer aquelas porcarias? Deixe-me ver esses dentes, o aparelho fez efeito. Lembra quando chorava por ter dentes tortos? E quando os perdeu? Achava que ficaria assim, sem dente. Mais conhecida como vovózinha. Chorava e chorava quando te diziam que tinha janelinha. Entrei em seu quarto esses dias e não achei nenhuma das cartinhas que recebera quando pequena. Não achei nenhuma foto sua, nem tão pouco algo que realmente era de sua infância. Encontrei debaixo de sua cama uma caixa de chocolates e duas caixas de lenços. Usou para que? Soar o nariz, apenas? Ah, minha pequena, andou chorando as escondidas? Por que? Peguei seus cadernos que estavam jogados pelo chão, guardei-os. Um em especial me chamou atenção. Era seu, reconheci aquela caligrafia redonda e pequena. Mas havia nomes nele. Não seus, não muitos. Um apenas. Fiquei curiosa e me coloquei a abrir todos os outros. Por incrível que se pareça, achei o mesmo nome em todos os seus outros cadernos. Em livros também. Fiquei pensando e tentei achar uma resposta um pouco lógica para tal ato. Não achei nada, absolutamente nenhuma. Fiquei sentada em sua cama, olhando os porta retratos que havia em sua estante. Tantos sorriso pequena. Tantas cores. Pessoas que você realmente ama. Todas para mim eram iguais. Sem nenhum tipo de diferença. Porém, como seu caderno, uma me chamou atenção. Você estava diferente, encontrei um sorriso familiar. Confesso que todas aquelas outras, você estava mudada. Achei estranho, aquela foto só tinha você e um rapaz baixo, com uma de suas mãos em seu ombro. A envolvendo como se estivesse frio. Você estava radiante, um sorriso encantador. Ali eu revi você quando pequena. Um sorriso verdadeiro, errado. Mas era lindo de se ver, meu anjo. Cheguei mais perto e vi detalhe por detalhe. Reparei na cor de seus cabelos, no tamanho de suas unhas. Algo era diferente nela, mas não sei, não entendo. Dois minutos se passaram, continuei a rodear seu quarto com meus olhos. Tudo estava em seu devido lugar, a cama estava bagunçada. Acho que teve algum tipo de pesadelo. Não sei ao certo, mas algo aconteceu essa noite. Achei um fone por debaixo de lençóis caídos pelo chão. Quando puxei, veio um tipo de tocador de música com ele. Perdoe-me, hoje em dia a tecnologia está avançada demais, não sei ao certo o que é. Não pertenço a esse mundo, sou mais dais antiguidades. Ainda estava ligado, levantei do chão e escutei. Eram músicas tristes, todas falando de amor. Não entendi porque logo você, a menina que mais ria de tais paixões, estava ouvindo esse tipo de melodia. Bateu um aperto no coração. Acho que depois disso, me toquei que você não era mais aquela pequena. Aquela minha pequena, agora cresceu. Está uma adolescente. Aborrecente como vovó dizia. Está apaixonada. Oh pequena, você deixou te laçarem. Você deixou ganharem o jogo. Agora você está lidando com coisas de adultos. O que fazer? Eu vim aqui para lhe ajudar. Mas não posso. Mesmo eu sendo você. Eu não posso. Você cresceu, eu pertenço ao passado. Você não merece, eu sei que não. Mas agora vai ter que ser assim, cuidado pequena, por favor. Não chore, não desista. Eu te conheço. Não era você que não tinha medo de cobras? Que sempre quis jogar com os meninos? Que nunca recuou? Ah pequena, eu sei quem és, e por isso eu sei que você consegue. Então enxugue essas lágrimas. Por favor!

Publicar um texto é o meu jeito educado de dizer: "Me empresta seu peito, porque a dor não tá cabendo só no meu".

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